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Global worker: como se tornar um profissional remoto internacional

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Trabalhar para empresas do exterior, ganhar em dólar ou euro e ter liberdade geográfica deixou de ser um sonho distante para quem atua na área de tecnologia. Hoje, cada vez mais profissionais de TI brasileiros estão adotando o modelo de global worker, um formato de trabalho remoto com oportunidades internacionais, que valoriza competências técnicas e permite atuar de qualquer lugar do mundo.

Esse movimento ganhou força nos últimos anos, impulsionado pela alta demanda global por devs, analistas, engenheiros de software e outros especialistas em tecnologia. Dessa forma, para quem já atua como PJ, a transição para o trabalho internacional pode ser mais simples do que parece, desde que haja planejamento, preparação e apoio contábil adequado.

Neste artigo, você vai entender o que significa ser um global worker, por que esse modelo tem atraído tantos profissionais de TI e como se preparar para conquistar vagas internacionais, cuidando tanto da parte técnica quanto da sua organização financeira 💻

O que é um global worker?

O termo global worker se refere a profissionais que prestam serviços remotamente para empresas localizadas fora do seu país de residência. Diferente de um expatriado, que se muda fisicamente para trabalhar no exterior, o global worker atua de forma remota, geralmente mantendo sua base no país de origem, no nosso caso, o Brasil, enquanto se conecta com clientes ou empregadores em qualquer lugar do mundo.

Embora o conceito possa parecer próximo ao de nômade digital ou freelancer, há diferenças importantes:

  • Nômade digital é alguém que combina trabalho remoto com um estilo de vida itinerante, mudando constantemente de cidade ou país.
  • Freelancer costuma atuar por projetos pontuais, muitas vezes com múltiplos clientes e sem vínculo contínuo.
  • Já o global worker tende a estabelecer relações profissionais mais estáveis com empresas estrangeiras, geralmente como pessoa jurídica (PJ).

Desse modo, no contexto do mercado de TI, global workers são, na maioria das vezes, desenvolvedores, analistas de dados, engenheiros de software, product managers e tech leads que trabalham para startups, scale-ups ou grandes empresas globais. Além disso, esses profissionais são contratados por sua expertise, independente da localização, e geralmente são remunerados em moedas fortes, como dólar americano ou euro.

Por que profissionais de TI estão buscando esse modelo?

A adoção do modelo de global worker por profissionais de tecnologia brasileiros tem crescido de forma consistente nos últimos anos. O principal motivo é a crescente demanda internacional por talentos tech, especialmente em regiões como América do Norte e Europa, onde há um déficit significativo de mão de obra qualificada.

De acordo com o Ebook Global Workers 2024, produzido pela Husky:

  • 58,9% dos brasileiros que trabalham para o exterior atuam em TI, o que confirma a predominância do setor no trabalho remoto internacional.
  • A engenharia de software lidera os cargos mais comuns, reunindo 51,6% dos profissionais.
  • A maioria absoluta (79,5%) recebe em dólar, seguida por 11,4% que recebem em euro, o que amplia consideravelmente o poder de compra em relação ao mercado nacional.
  • Mais de 90% atuam como pessoa jurídica (PJ), demonstrando que esse modelo é o preferido tanto por empresas contratantes quanto pelos profissionais.
  • Quase 70% dos global workers brasileiros são de nível sênior ou especialista, reforçando que a experiência é um fator determinante para competir internacionalmente.

Assim, essa movimentação é resultado da combinação de fatores como a valorização do real perante moedas fortes, a consolidação do modelo remoto como padrão em empresas globais e a qualidade técnica dos profissionais brasileiros, que são frequentemente elogiados por sua adaptabilidade e capacidade de resolução de problemas.

Quais os benefícios de ser um global worker?

A escolha de profissionais tech PJ para se tornarem global workers, não é por acaso. Há benefícios claros para quem escolhe atuar dessa forma. Abaixo, listamos os principais:

  • Remuneração em moedas fortes, como dólar ou euro, o que pode dobrar (ou até triplicar) o valor líquido recebido em relação ao mercado nacional.
  • Liberdade geográfica, com possibilidade de trabalhar de qualquer lugar, sem necessidade de visto ou relocação.
  • Acesso a empresas e projetos de ponta, muitas vezes com maior maturidade em processos, cultura de engenharia bem definida e foco em inovação.
  • Valorização profissional, já que a experiência internacional é um diferencial competitivo relevante no currículo.
  • Flexibilidade de horários, com foco em entregas e autonomia para organizar a rotina de trabalho.
  • Contratos estáveis, mesmo que na modalidade PJ, com pagamentos regulares, cláusulas contratuais claras e acordos de longo prazo.
  • Isenção de impostos, como ISS, dependendo do município, e PIS e COFINS, o que reduz a carga tributária como PJ.

Dessa maneira, o conjunto de vantagens torna o modelo especialmente atrativo para quem busca crescimento profissional e estabilidade financeira, sem abrir mão da liberdade de atuação como pessoa jurídica. 

Assim, ao invés de depender exclusivamente do mercado interno, o global worker diversifica suas fontes de receita, reduz a exposição à volatilidade econômica do Brasil e ganha acesso a ambientes de trabalho mais estruturados e voltados à inovação.

Como se tornar um global worker na prática?

Para conquistar uma vaga internacional como global worker, não basta apenas ter experiência técnica. É preciso estruturar a carreira de forma estratégica, preparar sua presença online, saber onde buscar oportunidades e estar pronto para processos seletivos exigentes, tudo isso com foco no mercado global.

A seguir, você confere um passo a passo prático para dar os primeiros passos:

Construir portfólio e perfil em inglês

O primeiro passo é garantir que você será encontrado e compreendido por recrutadores internacionais. Para isso, é essencial:

  • Ter um perfil no LinkedIn em inglês, com um resumo claro de suas habilidades, experiências e resultados entregues.
  • Atualizar o GitHub com projetos relevantes, mostrando domínio técnico, boas práticas de código e organização.
  • Criar um currículo em inglês, direto, bem formatado e com foco em impacto: destaque stacks utilizadas, contextos de negócio e contribuições concretas.

Lembre-se: empresas contratam profissionais que resolvem problemas. Por isso, seu perfil deve refletir isso com clareza.

Se cadastrar em plataformas internacionais

Existem diversas plataformas especializadas em conectar empresas globais a talentos remotos, como por exemplo:

  • Turing: voltada para desenvolvedores com testes técnicos e pareamento baseado em IA.
  • Deel: além de contratar, também intermedeia pagamentos e contratos internacionais.
  • Remote OK e We Work Remotely: listas de vagas remotas atualizadas constantemente, com filtros por área e senioridade.
  • AngelList Talent (atual Wellfound): ideal para quem busca vagas em startups globais.
  • TopTal: exige processo seletivo rigoroso, mas conecta com clientes de alto nível.

Ademais, criar um perfil completo nessas plataformas aumenta sua visibilidade e pode ser o ponto de partida para propostas consistentes.

Networking e comunidades globais 

Nem todas as oportunidades estão abertas publicamente. Muitas vezes, a contratação acontece via indicação ou networking.

Por isso, participar de comunidades internacionais no Slack, Discord ou fóruns especializados pode ser uma porta de entrada valiosa. Algumas sugestões:

  • Comunidades de tecnologias específicas (Reactiflux, DevOps Chat, DataTalks).
  • Grupos no Slack voltados para trabalho remoto (Remotive, Indie Hackers).
  • Eventos online e hackathons promovidos por empresas e comunidades open source.

Assim, compartilhar conhecimento, contribuir com dúvidas e respostas, e manter presença ativa nessas redes aumenta suas chances de ser lembrado quando uma vaga surgir.

Dominar entrevistas remotas e testes técnicos

Os processos seletivos para vagas internacionais costumam ser mais objetivos e técnicos do que os nacionais. Espera-se que o candidato:

  • Tenha domínio de algoritmos e estruturas de dados, geralmente testados via plataformas como HackerRank, CodeSignal ou Codility.
  • Esteja preparado para pair programming e code challenges ao vivo.
  • Tenha fluência para participar de entrevistas comportamentais em inglês, muitas vezes com foco em soft skills e cultura organizacional.
  • Entenda bem o formato de contratação como PJ internacional e saiba negociar escopo, prazos e remuneração.

Dessa forma, a preparação para entrevistas remotas é uma etapa que demanda prática, autoconhecimento e familiaridade com o formato. Por isso, simular entrevistas e revisar conteúdos técnicos é fundamental.

imagem ilustrativa para o texto sobre trabalho remoto no exterior para dev

Como se preparar financeiramente?

Como global worker, é essencial ter estrutura financeira e fiscal para operar legalmente, evitar problemas com o fisco e garantir o melhor aproveitamento da receita recebida do exterior. Assim, essa etapa envolve abrir um CNPJ, emitir notas fiscais corretamente e escolher uma plataforma eficiente para recebimento internacional.

A seguir, você confere os principais passos dessa preparação:

Abertura de CNPJ

O primeiro passo é formalizar a atuação como pessoa jurídica. Isso não apenas permite a emissão de notas fiscais válidas para o exterior, mas também viabiliza um planejamento tributário eficiente, que pode reduzir significativamente a carga de impostos. Dessa forma, para a abertura, será necessário definir os seguintes pontos:

Natureza jurídica

A natureza jurídica define a forma legal como a empresa é constituída no Brasil, ou seja, o tipo de registro que ela terá perante a Receita Federal e os órgãos públicos. Assim, para a maioria dos profissionais de TI que atuam sozinhos, as opções mais adequadas são:

  • Sociedade Limitada Unipessoal (SLU): modelo mais moderno, com responsabilidade limitada e maior flexibilidade.
  • Empresário Individual (EI): alternativa mais simples, mas com responsabilidade ilimitada sobre o patrimônio pessoal.

CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas)

O CNAE é o código utilizado pelo governo para identificar a atividade econômica da empresa. Dessa forma, deve refletir de forma precisa o tipo de serviço prestado, já que influencia a tributação aplicável, as obrigações acessórias (declarações e registros), e até a possibilidade de exportar serviços com isenção de impostos, como ISS e PIS/COFINS.

Algumas opções comuns para global workers da área de TI são, por exemplo:

  • 62.01-5/01 – Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda
  • 62.02-3/00 – Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis
  • 62.03-1/00 – Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador não-customizáveis
  • 62.09-1/00 – Suporte técnico, manutenção e outros serviços em TI

Regime tributário

Ao abrir um CNPJ para atuar como global worker, a escolha do regime tributário é um dos pontos mais importantes. No caso de profissionais de TI que prestam serviços para o exterior, os dois enquadramentos mais comuns são Simples Nacional e Lucro Presumido:

  • Simples Nacional: 

É um regime simplificado para micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. Além disso, ele unifica diversos tributos em uma única guia de pagamento, o DAS.

Para quem atua na área tech, a alíquota inicial gira em torno de 15,5%, podendo ser reduzida através do Fator R ou com a exportação de serviços. Ou seja, é uma opção interessante para quem está começando ou tem um volume de receitas mais modesto.

  • Lucro Presumido

O Lucro Presumido é ideal para empresas com faturamento de até R$ 78 milhões por ano e para quem tem custos operacionais mais baixos. Assim, para profissionais de TI, o percentual presumido é de 32%, que serão calculados sobre o faturamento, independentemente de o seu lucro efetivo ser maior ou menor do que isso.

Inscrição municipal

A inscrição municipal é o registro da empresa na prefeitura da cidade onde está estabelecida. Assim, é obrigatória para que o CNPJ possa emitir Nota Fiscal de Serviço (NFS-e), inclusive quando o cliente está no exterior.

Na prática, ao emitir uma nota para fora do país, o prestador seleciona a opção de “tomador estrangeiro” no sistema da prefeitura. Além disso, o registro é fundamental para manter a operação dentro da legalidade e comprovar a exportação de serviços em caso de fiscalização.

Emissão de nota fiscal e invoice

Todo serviço prestado para uma empresa no exterior precisa ser formalizado de forma correta e padronizada. Assim, essa formalização acontece por meio de dois documentos principais, a NFS-e e a invoice:

  • Nota Fiscal de Serviço (NFS-e): deve ser emitida normalmente pelo sistema da prefeitura. No campo de identificação do tomador, deve-se selecionar a opção “Exterior” e usar os dados genéricos quando a empresa não tiver CNPJ ou inscrição válida no Brasil.
  • Invoice (fatura internacional): muitas empresas internacionais exigem esse documento como parte do processo de pagamento. A invoice deve conter: dados do prestador e do contratante, descrição detalhada do serviço, valor e moeda, conta bancária ou dados da plataforma de recebimento, condições de pagamento (prazo, forma, etc.).

Embora não tenha validade fiscal no Brasil, a invoice funciona como uma fatura internacional, alinhando expectativas e servindo como comprovação comercial perante o cliente. Desse modo, em conjunto com a nota fiscal, garante transparência e segurança para ambas as partes.

Conversão de moeda e recebimento via plataformas

Escolher a forma correta de receber pagamentos internacionais faz toda a diferença no resultado líquido. Além de reduzir taxas, o uso de uma plataforma especializada permite segurança, rastreabilidade e conformidade fiscal.

Uma das opções mais utilizadas por profissionais de TI é a Higlobe, parceira da Colinear. A plataforma atende exclusivamente empresas (PJ), o que a torna uma escolha interessante para quem atua como global worker e deseja manter uma estrutura financeira organizada.

Ademais, é fundamental comparar taxas, funcionalidades e compatibilidade com CNPJ antes de escolher a plataforma ideal para o seu modelo de negócio.

Importância de ter uma contabilidade especializada em TI e global work

Atuar como global worker não é o mesmo que ser freelancer ou microempreendedor. Há regras específicas para exportação de serviços, emissão de notas, recebimento em moeda estrangeira e apuração de impostos. Assim, os erros nesse processo podem gerar multas, tributação indevida ou até problemas com a Receita Federal.

Por isso, ter uma contabilidade especializada garante:

  • Escolha correta do regime tributário e CNAE
  • Emissão adequada de notas e documentos internacionais
  • Planejamento tributário voltado para PJ que atua no exterior
  • Organização da contabilidade com foco em compliance e eficiência fiscal
  • Suporte em cada etapa da operação, do contrato ao câmbio

Logo, com o apoio certo, é possível trabalhar para o exterior de forma segura, sem pagar mais impostos do que o necessário e com total tranquilidade para focar na sua carreira internacional.

Como a Colinear pode ajudar na sua jornada como global worker?

A ideia de atuar como global worker pode parecer distante à primeira vista, mas, com a estrutura certa, é uma transição totalmente viável para profissionais de TI brasileiros. O caminho envolve preparo técnico, posicionamento estratégico no mercado internacional e, principalmente, uma base fiscal e financeira sólida que sustente esse novo modelo de trabalho.

A Colinear é uma contabilidade especializada em profissionais de tecnologia que atuam como PJ, com foco em quem presta serviços para empresas no Brasil e no exterior. Assim, ajudamos você a se organizar desde o início com a abertura do CNPJ, escolha do regime tributário, emissão de nota fiscal para o exterior e estruturação do seu recebimento internacional.

Além disso, nosso time entende as particularidades do trabalho remoto global: exportação de serviços, compliance fiscal, contratos internacionais e tudo o que envolve sua operação como global worker.

Se você está pensando em internacionalizar sua carreira, mas não quer lidar com burocracia ou correr riscos tributários, fale com a Colinear. Vamos te ajudar a construir uma base segura para você atuar com liberdade, estratégia e tranquilidade! 😀

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