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O que a contabilidade para desenvolvedores faz?

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A contabilidade para desenvolvedores vai muito além de calcular impostos ou emitir guias de pagamento. Trata-se de um serviço especializado, pensado para atender às particularidades de profissionais de tecnologia que atuam como PJ, seja em projetos no Brasil ou prestando serviços para o exterior.

Dessa forma, a especialização faz diferença porque desenvolvedores e freelancers de TI lidam com situações que exigem conhecimento específico, ou seja, contratos internacionais, escolha do CNAE correto para exportação de serviços, enquadramento em anexos do Simples Nacional ou até migração para o Lucro Presumido quando o faturamento cresce.

Por isso, neste artigo, vamos explicar em detalhes o que a contabilidade para desenvolvedores faz, como ela estrutura sua PJ, quais tributos e obrigações acompanha, como funciona a emissão de notas e exportação de serviços e de que forma pode apoiar suas decisões financeiras e de carreira.

O que é “contabilidade para desenvolvedores” e por que é diferente?

A contabilidade tradicional costuma tratar todas as empresas de serviços da mesma forma. No entanto, o universo da tecnologia exige cuidados específicos, e é justamente por isso que a contabilidade para desenvolvedores se torna tão importante. Assim, trata-se de um modelo de atendimento especializado, que considera as particularidades do trabalho de um profissional PJ em TI.

Dessa forma, o diferencial começa pelo entendimento do setor: contratos em regime de alocação, projetos freelancers, vínculos por meio de plataformas de Employer of Record (EOR) e até a exportação de serviços para empresas estrangeiras. Cada uma dessas situações tem reflexos diretos em enquadramento tributário, emissão de notas fiscais e cumprimento de obrigações acessórias.

Além disso, outro ponto que torna a contabilidade para desenvolvedores diferente é a sazonalidade da receita. Muitos devs recebem por projeto ou contrato de curta duração, o que pode gerar meses de alta e baixa no faturamento. Um contador especializado em TI conhece essas variações e orienta o profissional a se planejar para manter a previsibilidade financeira e reduzir impactos tributários.

Ademais, a realidade do desenvolvedor PJ envolve questões que não aparecem em outros setores. Por exemplo, a necessidade de emitir NFS-e para tomadores no exterior, estruturar invoices em moeda estrangeira, comprovar exportações para garantir a isenção de ISS e lidar com canais de recebimento internacionais.

Portanto, a contabilidade para desenvolvedores é mais do que “cumprir obrigações fiscais”: é um suporte estratégico para quem trabalha com tecnologia e precisa alinhar segurança fiscal, eficiência tributária e estabilidade financeira.

Como a contabilidade para devs estrutura a sua PJ?

Abrir e manter uma empresa de tecnologia vai além do preenchimento de formulários. Cada escolha inicial impacta diretamente a carga tributária, a emissão de notas fiscais e até a possibilidade de atender clientes no exterior. Assim, a contabilidade para desenvolvedores atua nesse processo desde o início, cuidando da formalização e garantindo que a estrutura da PJ esteja adequada ao tipo de serviço prestado.

Natureza jurídica

A definição da natureza jurídica é o primeiro passo. Profissionais de TI geralmente optam por Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) ou Empresário Individual, formatos que permitem atuar de forma independente e simplificada. Já para quem trabalha em squads ou tem sócios, pode ser mais vantajoso adotar uma Sociedade Limitada (LTDA). Dessa maneira, a escolha ideal assegura conformidade legal e flexibilidade para contratos nacionais ou internacionais.

Escolha de CNAE para TI

O CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) define o enquadramento tributário e a base de cálculo do ISS. Para desenvolvedores, há códigos específicos como:

  • 62.01-5/01 – Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda
  • 62.02-3/00 – Desenvolvimento e licenciamento de softwares customizáveis
  • 62.09-1/00 – Suporte técnico, manutenção e outros serviços em TI

Além disso, a escolha equivocada do CNAE pode gerar alíquota mais alta, problemas com a prefeitura ou até inviabilizar a emissão correta de nota fiscal para o exterior.

Inscrição municipal para NFS-e

Após a abertura da empresa, é necessário realizar a inscrição municipal, requisito obrigatório para emitir a Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e). Essa etapa varia conforme a prefeitura, mas é indispensável para quem presta serviços, inclusive exportando para clientes estrangeiros. Do contrário, sem a inscrição, o desenvolvedor PJ fica impedido de faturar legalmente, mesmo tendo o CNPJ ativo.

Simples ou Presumido?

Escolher o regime tributário correto é uma das decisões mais estratégicas para qualquer profissional PJ em tecnologia. A opção impacta diretamente a alíquota de impostos, a forma de cálculo e até a margem líquida de cada contrato.

Quando o Simples Nacional é mais vantajoso?

O Simples Nacional costuma ser a porta de entrada para desenvolvedores PJ. Ele unifica os tributos em uma única guia (DAS), simplifica a rotina contábil e, em muitos casos, permite alíquotas iniciais em torno de 15,5% sobre o faturamento.

Por isso, esse regime é mais indicado para profissionais em início de carreira como PJ, para quem fatura até R$4,8 milhões/ano ou ainda mantém contratos menores e variáveis.

Quando o Lucro Presumido é mais competitivo?

À medida que a receita cresce, o Lucro Presumido pode se tornar mais vantajoso. Nesse regime, o cálculo dos impostos é feito sobre uma margem presumida de 32% da receita bruta. Embora pareça menos flexível, em contratos de valores elevados e com baixa folha de pagamento, a carga tributária pode ser inferior à do Simples.

Anexos do Simples e o impacto do Fator R

Dentro do Simples Nacional, o ponto decisivo é o Fator R, cálculo que compara a folha de pagamento (pró-labore e salários) com a receita bruta da empresa. Nesse sentido, se a folha representar 20% ou mais da receita, o dev pode ficar no Anexo III, com alíquotas menores. Caso contrário, cai no Anexo V, onde as alíquotas são mais altas.

Além da tabela oficial, o que realmente importa é a alíquota efetiva. Ou seja, o percentual que de fato incide sobre a receita após deduções e cálculo progressivo. É ela que define a carga tributária real do desenvolvedor PJ e pode variar bastante de acordo com o faturamento e a folha.

Como emitir NFS-e no dia a dia e para clientes no exterior

Emitir notas fiscais corretamente é essencial para manter a PJ regularizada, comprovar receitas e evitar problemas com a Receita Federal ou com a prefeitura. Para desenvolvedores, isso envolve tanto notas para clientes brasileiros quanto invoices para contratos no exterior.

Emissão da NFS-e no Brasil

Para clientes nacionais, a emissão da Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) é feita pelo sistema da prefeitura onde a empresa está registrada. Cada município tem regras próprias, mas em geral é preciso:

  • Ter a inscrição municipal ativa;
  • Acessar o portal de NFS-e com certificado digital ou login;
  • Informar o tomador do serviço, descrição, valor e CNAE correspondente;
  • Gerar a guia de ISS quando aplicável.

Invoice e descrição do serviço para clientes no exterior

Empresas estrangeiras geralmente não exigem NFS-e, mas sim uma invoice, que funciona como fatura internacional. Assim, o documento deve conter os dados do prestador e do cliente, escopo do serviço, valor em moeda estrangeira, forma e prazo de pagamento.

Ainda assim, a prefeitura exige a emissão da NFS-e com tomador no exterior, para que o serviço seja registrado. Dessa forma, a descrição deve deixar claro que se trata de exportação de serviços, evitando a incidência indevida de ISS.

ISS na exportação: quando não incide

De acordo com a Lei Complementar nº 116/2003, não incide ISS quando o resultado do serviço ocorre exclusivamente no exterior. Entretanto, a aplicação dessa regra varia. Alguns municípios reconhecem integralmente a não incidência, enquanto outros mantêm a cobrança de ISS mesmo em contratos internacionais. 

Por isso, antes de emitir notas para clientes no exterior, é essencial que o PJ confirme a regra aplicada pelo município onde sua empresa está registrada. 

imagem para ilustrar o texto sobre como fazer orçamento como Dev

Quais os impostos mensais?

Se você está começando como desenvolvedor PJ e optou pelo Simples Nacional, estes serão os principais compromissos fiscais que vão impactar seu caixa. Dessa forma, a rotina vai além do pagamento do DAS, envolvendo declarações e obrigações que precisam ser acompanhadas com regularidade para manter o CNPJ ativo e evitar autuações.

DAS: o imposto unificado do Simples Nacional

Para empresas enquadradas no Simples Nacional, o recolhimento mensal ocorre por meio do Guia DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional).

Assim, a guia concentra diversos tributos, como IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, ISS e CPP, em um único pagamento, calculado sobre a receita bruta do mês. Além disso, mesmo que não haja faturamento, a declaração deve ser feita no PGDAS-D para manter a regularidade.

DEFIS: declaração anual obrigatória

Além do DAS, os optantes pelo Simples precisam entregar a DEFIS (Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais) anualmente. Assim, esse documento funciona como uma “prestação de contas” à Receita Federal, consolidando faturamento, pró-labore e distribuição de lucros.

DCTFWeb e eSocial: quando são exigidos

Se a PJ paga pró-labore, salários ou possui equipe CLT, entram em cena outras obrigações:

  • DCTFWeb: declaração mensal que informa à Receita Federal os tributos previdenciários e retidos na fonte.
  • eSocial: sistema unificado para envio de informações trabalhistas, previdenciárias e fiscais, como por exemplo folha de pagamento, férias e admissões/demissões.

Ou seja, mesmo no Simples Nacional, sempre que há pró-labore ou folha de funcionários, a empresa deve cumprir essas obrigações adicionais.

Quanto retirar do CNPJ?

Uma das maiores vantagens de atuar como PJ é a flexibilidade em definir como retirar valores do CNPJ. Mas essa liberdade precisa estar alinhada às regras fiscais e previdenciárias para evitar problemas futuros.

Pró-labore e recolhimento previdenciário

O pró-labore é a remuneração mensal que o sócio recebe pelo trabalho realizado dentro da empresa. Desse modo, ele é obrigatório em qualquer CNPJ ativo, ainda que não haja funcionários contratados.

Para desenvolvedores PJ, o pró-labore deve ser definido com base em critérios como:

  • Valor compatível com a função exercida;
  • Planejamento do Fator R: em alguns casos, aumentar o pró-labore ajuda a manter a empresa no Anexo III do Simples, com alíquotas menores;
  • Benefícios previdenciários: o valor do INSS pago sobre o pró-labore influencia diretamente no cálculo da aposentadoria e em auxílios como doença, acidente ou salário-maternidade.

Além disso, a contribuição previdenciária do sócio é de 11% sobre o pró-labore, recolhida via GPS ou integrada ao eSocial/DCTFWeb, com alíquota limitada ao teto do INSS.

Diferença entre CPP do DAS e contribuição do sócio (INSS)

Muitos confundem a CPP (Contribuição Previdenciária Patronal), que já está embutida no DAS, com o INSS individual do sócio. Mas são tributos diferentes:

  • A CPP é paga pela empresa e serve para custear a Previdência em âmbito patronal;
  • O INSS do sócio é pago individualmente sobre o pró-labore e garante a contagem de tempo e benefícios previdenciários para o desenvolvedor.

Ou seja, pagar apenas o DAS não garante cobertura previdenciária completa. É necessário manter o pró-labore registrado e o INSS recolhido.

Distribuição de lucros isenta e controles contábeis

Após o pagamento do pró-labore e a quitação dos tributos, o sócio pode retirar lucros e dividendos. Essa retirada é isenta de Imposto de Renda, desde que:

  • A empresa mantenha escrituração contábil ou livro caixa organizado;
  • Haja comprovação de que a retirada corresponde a lucro efetivamente apurado.

Misturar pró-labore com distribuição de lucros é um erro comum. Enquanto o pró-labore é tratado como despesa da empresa e gera contribuição previdenciária, os lucros têm natureza de rendimento isento e só podem ser distribuídos com respaldo em registros contábeis.

Como realizar o controle financeiro para PJ?

Um dos maiores desafios de quem atua como desenvolvedor PJ é lidar com a instabilidade. Dessa maneira, a contabilidade para desenvolvedores pode ajudar a estruturar esse fluxo, mas algumas práticas de gestão financeira são essenciais para garantir segurança:

Separe finanças pessoais e empresariais

Abrir e movimentar uma conta bancária exclusiva para a empresa é o primeiro passo. Dessa forma, você facilita a conciliação bancária, evita mistura de despesas e garante clareza na apuração de lucros. Quando contas pessoais e da PJ se confundem, a distribuição de lucros pode ser questionada pela Receita Federal, gerando risco fiscal.

Conciliação e categorização de despesas

Mantenha registros regulares de todas as movimentações financeiras, classificando-as por tipo (custos fixos, variáveis, impostos, pró-labore, investimentos). Assim, a organização permite identificar quais contratos trazem maior margem, onde estão os maiores gastos e como ajustar sua precificação. Muitos devs descobrem, com esse controle, que projetos aparentemente rentáveis ficam deficitários após considerar horas extras e custos indiretos.

Planejamento para sazonalidade e férias

Profissionais de TI geralmente não têm contratos 100% estáveis. Por isso, criar uma reserva de emergência equivalente a 6 meses de despesas da PJ garante tranquilidade em períodos de menor demanda ou quando você decide tirar férias, por exemplo. Ademais, essa prática é ainda mais importante para freelancers e devs que atuam em projetos de curta duração.

Relatórios para tomada de decisão

Com relatórios mensais de fluxo de caixa e DRE (Demonstração de Resultados), o dev PJ consegue visualizar a alíquota efetiva de impostos, projetar margens e até simular cenários de crescimento. Dessa forma, é possível negociar reajuste de contrato, planejar a contratação de equipe ou migrar para outro regime tributário.

Como escolher uma contabilidade para desenvolvedores?

A Colinear é uma contabilidade especializada em desenvolvedores e profissionais de TI, com experiência prática em demandas do dia a dia de quem atua como PJ. Nosso trabalho vai muito além de emitir notas: ajudamos você a estruturar sua PJ, pagar apenas o necessário em impostos, organizar o fluxo financeiro e manter segurança nas exportações de serviços.

Com atendimento consultivo, damos previsibilidade e tranquilidade para que você tome decisões de carreira com base em números confiáveis. Seja para escolher o regime tributário, definir o valor do pró-labore ou lidar com recebimentos do exterior, nossa equipe atua como parceira estratégica para que você tenha clareza e controle da sua vida financeira.

Se você quer crescer como desenvolvedor PJ com segurança fiscal e organização contábil, fale com a Colinear e descubra como uma contabilidade feita para profissionais de tecnologia pode transformar a sua rotina! 

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